Comentários

(47)
Ercilia Brasil, Advogado
Ercilia Brasil
Comentário · há 7 anos
Muito interessante ler esses legalistas de plantão, entre os quais incluo o articulista Wagner Francisco. E me pergunto: onde estavam eles quando FHC, em defesa de interesse próprio, comandou o triste espetáculo de compra de votos para aprovar a emenda constitucional que permitiu a (sua) reeleição (fato ainda não passado a limpo mas sobre o qual há provas que jamais serão objeto de investigação)? Esse, sim, um golpe violento contra a Constituição da República, hoje totalmente descaracterizada e a exigir um novo processo constituinte.
Como se comportam eles quando deveriam exigir que o STF julgue o mérito do impeachment da presidente deposta por um golpe? Quando deveriam denunciar o governo golpista que engendra um pauta política e econômica que ataca direito de todos os brasileiros e, principalmente, nossa soberania?
Projeto de emenda constitucional está prevista na própria Constituição. Onde há golpe em exigir eleições diretas já, num país que está virado do avesso?
A ideia de que a Constituição não previu que a maioria dos deputados que votarão possível eleição indireta é corrupta e venal é risível. A seguir esse fundamento, de observar a norma legal vigente me faz pensar que, por ela, ainda estaríamos sob os poderes do Império português, que a escravidão (que ainda existe) não teria sido abolida e que viveríamos sob a vigência da ditadura. E, em outro plano e outros Estados, os europeus (sua burguesia nascente) ainda estaria vivendo sob os feudos. Sem Revolução Francesa, sem Revolução Industrial.
No entanto, a história de avanços quem a faz é o povo. As leis não são imutáveis e servir-se delas num momento como o que estamos vivendo no Brasil representa ou golpismo ou mau-caratismo.
Ainda tenho algumas observações a fazer aos nobres colegas, com base no artigo que ora critico:
1- Fundamentar a tese por eleições indiretas no fato de ser uma economia para o país "para garantir, sobretudo, economia de dinheiro público" não é simples. É simplória e não mereceria sequer um comentário, pois o que está em jogo vai muito além de qualquer interesse casuístico em "economia de dinheiro público".
2- O articulista se coloca como um defensor da segurança jurídica. Primeiro, ela não será afastada porque há meio legal de se colocar em pauta um projeto de emenda constitucional que viabilize as Diretas Já. E eu pergunto: e a segurança política? a maioria da população não elegeu um temer para propor esse governo. Não foi para receber a destruição de seus direitos que 54 milhões de brasileiros votaram em uma chapa cuja plataforma é absolutamente diferente da que estão impondo ao povo brasileiro. Nosso país está à deriva e a única normalidade democrática à vista é a convocação de Diretas Já para que o povo venha dizer o que pretende. Eleições indiretas significa a continuação da implantação de um projeto do capital financeiro interno e externo que não interessa à população do Brasil.
3- 2018 não está logo ali. Ele está a anos-luz de nossas pretensões de mantermos nossos direitos e a soberania deste grande País. Em um ano de (des) governo já nos foram impostas medidas que terão repercussão negativa em nossas vidas, nas de nossos filhos e netos. Eleição indireta é a continuação do golpismo.
4 - Dizer-se "da esquerda" suscita uma pergunta: que esquerda, senhor? Essa declaração mais parece uma salvaguarda para destilar fundamentos de um indiscutível pensamento conservador e de direita com o objetivo de defender uma tese insustentável.
5- E, por fim, atribuir ao PT a "compra" desse "papo" é repetir a tese da mídia hegemônica, rede globo à frente. O "papo" não é só do PT (e nesse partido há quem divirja dele). O "papo" são de todos os indignados dessa nação (e são a maioria, acredite) diante do roubo de seus direitos.
0
0
Ercilia Brasil, Advogado
Ercilia Brasil
Comentário · há 7 anos
3
0
Novo no Jusbrasil?
Ative gratuitamente seu perfil e junte-se a pessoas que querem entender seus direitos e deveres

Outros advogados em Juiz de Fora (MG)

Carregando